quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A questão da Ética

Lembram de "O Anjo Malvado" (The Good Son)? Vários desafios éticos.

Recentemente fiz aquilo que chamo de "cadeira de férias", mas melhor definida como disciplina de férias. Uma das duas que resolvi cursar durante esse período foi a disciplina de Ética. A universidade que frequento tem essa disciplina para praticamente todos os cursos (se não, a maioria). Gostaria de filosofar sobre o que conheci durante o período de uma semana que passei com um dos melhores professores (na minha opinião) da universidade. 
Primeiramente é necessário definir a Ética. Como meu conhecimento teórico sobre o assunto resume-se ao que conheci durante a disciplina, devo utilizar o conceito criado pelo professor de que a ética é o estudo (teorias) de uma prática (situações/vivências) da ação humana relacionado à moralidade (LARENTIS, Milton). Ou seja, para que possa "existir ética" é necessário haver alguma situação envolvendo pessoas e que esteja relacionado à moral. De forma mais resumida ainda, a ética necessita de princípios (bem e mal, verdadeiro e falso, certo e errado), de fundamentos (liberdade de escolha, tomar decisões) e de uma estrutura (a vontade racional humana).

No tema Ética existem dois grupos que se distinguem: os que aceitam a ética e os que rejeitam a mesma. A diferença é simples:
- Aceitação da ética: acredita que ela existe e que ela está acima de qualquer coisa;
- Rejeição da ética: acredita que ela não existe e, caso exista, está abaixo de alguma outra coisa (política, psicologia, economia, sociologia, poder).
O fato é que vivemos em um mundo em que a ética é rejeitada por várias pessoas. Nomes como Nietzsche, Freud, Marx, Sartre, Foucault, influenciaram a rejeição da ética durante a história. É possível colocar Hitler entre os nomes que rejeitaram a ética, devido ao seus pensamentos e motivos para influenciar a supremacia da raça ariana.

A cultura do "me importo comigo mesmo, não importam as consequências e muito menos com o que acontecerá com próximo" é algo que é taxado como normal na atualidade (ok, nem sempre, temos "casos" e "casos"). Aliás, o Próximo é uma pessoa muito rejeitada atualmente; é difícil alguém se importar com ele. Sabe quando alguém faz algo e você se pergunta "como ele consegue dormir depois de ter feito isso"? Então, rejeição da ética. 
Políticos...
Aqui entramos no lado de quem aceita a ética. Por mais que eu tenha, de certa forma, "esculachado" o lado que rejeita a ética, quem aceita ela não é santo. Visto que temos a liberdade de fazer o bem ou o mal, temos nela os graus da ética.

No grau máximo, onde apenas coisas boas aparecem, podemos colocar o nome do nosso Salvador, Jesus Cristo (calma, já vamos falar sobre isso), visto que, biblicamente, foi um exemplo e sempre buscou o melhor para as pessoas (sem falar de seu sacrifício), sendo que sempre teve a escolha de fazer o certo, ou o errado.

No grau mínimo temos o utilitarismo (de Bentham). O utilitarismo, em resumo, significa que "eu só faço isso se eu tiver alguma vantagem". Podemos colocar aqui aquelas pessoas que encontram algo (de valor) na rua e resolvem devolver para receber a recompensa (e aceitam ela) que estão oferecendo pelo objeto perdido. Vocês, meus queridos, são a escória da ética.

Nesse ponto, podemos perceber que na sociedade em que vivemos, a maioria das pessoas, ou rejeitam a ética ou vive no grau mínimo dela. Obviamente que quem aceita pode viver subindo e descendo no gráfico da ética, de acordo com as suas decisões. Todos cometemos erros. Mas agora chegamos a uma pergunta interessante, ao qual me levou a escrever essa "pequena" introdução: quem, ou o que, define o que é certo ou errado na ética?

Os princípios da ética baseiam-se no que a sociedade viveu durante os séculos, e entre eles estão os princípios encontrados no Pentateuco, cinco primeiros livros da Bíblia, que falam principalmente do povo Hebreu. Focando apenas nos princípios da Bíblia, a sociedade (e principalmente os filósofos) se escandalizou quando Cristo veio ao mundo e trouxe sua mensagem. Até o momento, tínhamos dez mandamentos e mais um punhado de regras. Mas Cristo veio, resumiu eles em dois e disse mais: amem os seus inimigos (Mt 5:45). Nenhuma religião ou crença disse isso! Todas elas falam (até os judeus, ou o antigo testamento da Bíblia) de amar o próximo, fazer o bem, praticar boas obras, mas nenhuma chega ao ponto de dizer para amar seu inimigo!



Vejam bem, já era difícil (e hoje, na nossa sociedade ainda é) amar o próximo como a si mesmo (Mt 22:39), imagina amar seu inimigo! Mas Cristo veio falar de mudança do coração, e não de mudança de atos e hábitos. E aqui eu entro no ponto chave do texto. A ética da sociedade é influenciada pela ética Cristã? Quando falo de ética Cristã me refiro aos ensinamentos de Cristo, sua ideia de amor e o conceito de dar a outra face (Mt 5:39). Será que a ética tem essa influência?

Bem, se tem, eu não a vejo por ai. Tudo o que vejo é "faça o bem", "faça boas obras" e esse tipo de coisa. Esse "tipo de coisa" é o mais fácil de se fazer. É o que, momentaneamente, preenche o vazio das pessoas. Mesmo que Cristo tenha dito que somos salvos pela graça, e não por obras (Ef 2:8-9), ele disse que devemos fazer o bem e praticar boas obras também (Ef 2:10). E quando ele fala todas essas coisas ele quer dizer: façam boas obras, sejam exemplo, amem, mas lembrem-se que essas coisas não os trazem até o Pai.
A diferença de quem aceita a ética, mas não segue a ética Cristã, é que quem segue a ética Cristã busca ser parecido com Cristo, e desse forma, o grau máximo da ética, sem procurar glórias para si mesmo. Não estou dizendo que essa pessoa é perfeita. Ela também é falha e sobe e desce no gráfico. A diferença é a motivação. Quem ignora a ética Cristã não tem como objetivo de vida buscar o grau máximo da ética sem motivos; sempre há algo para receber, mesmo que seja auto-satisfação. A ética Cristã rejeita isso, pois é um sentimento egoísta (não que você não possa ter auto-satisfação, você pode, mas esse não deve ser o teu objetivo).

Após essa longa reflexão sobre ética, percebo que a ética Cristão provavelmente nunca fará parte da vida das pessoas que não são Cristãs. O conceito de amar o inimigo e outros pontos citados está cada vez mais distante das pessoas, e apenas quem busca a Cristo parece "tentar" (novamente, ninguém é perfeito) viver esses valores. Outros princípios, compartilhados com budistas, espíritas, entre outras crenças, fazem parte da ética e parecem ser suficientes para a vivência da sociedade.

E antes de finalizar, não estou dizendo que você deve seguir a ética Cristã para ser uma boa pessoa (esse disclaimer é necessário). Não é isso que estou tratando. Tentar fazer coisas boas independe do que você acredita. É a sua escolha que depende! Apenas refleti sobre a teoria da ética e os princípios que Cristo trouxe. A grande diferença de que Cristo quer que reformemos os nosso coração. De que Ele quer que a obras, o exemplo, o amor, aconteçam através de um coração reformado que não busca glórias para si mesmo. E isso, é possível apenas se entregarmos o nosso coração para Ele.

E, indiferente do que você acredita, não rejeite a ética. É o melhor para a humanidade.

Um abraço!